quarta-feira, 27 de abril de 2011

Entrevista - Ani Siro

Especialista argentina explica como e por que reescrever textos é uma valiosa ferramenta para desenvolver o processo autoral dos alunos


Foto: Marina Piedade
Ani Siro

Em 2001, alunos da periferia de Buenos Aires foram desafiados a reescrever famosos contos infantis da perspectiva de um de seus personagens. Durante oito meses, eles elaboraram os textos, revisaram o material coletivamente e fizeram novas versões. A intenção era produzir uma antologia de relatos e socializá-la com a comunidade escolar. Ao trabalhar aspectos como a focalização (o ponto de vista do narrador) e a modalização (a voz narrativa), os professores foram surpreendidos com produções que traziam requintes de humor e outras características que deixaram claro como propostas como essa podem ser enriquecedoras. Cristian, 11 anos, por exemplo, deu início ao texto baseado em Chapeuzinho Vermelho da seguinte forma: "Desde aqui, no mais profundo do inferno, lhes fala o lobo". Guardadas as devidas proporções, o recurso engenhosamente utilizado por ele lembra a abertura de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (1839- 1908): "Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas".

A análise dessa experiência, apresentada no livro Narrar por Escrito do Ponto de Vista de um Personagem, é resultado do trabalho de mestrado de Ani Siro, psicopedagoga e mestre em Ciências com especialização em investigação educativa pelo Centro de Investigações e Estudos Avançados, no México.

Em visita ao Brasil, durante a Semana da Educação de 2010, organizada pela Fundação Victor Civita (FVC), ela ministrou uma palestra sobre a pesquisa e, em entrevista à Nova Escola, conta como surgiu a ideia, as dificuldades e os resultados que mais a surpreenderam.

Por que muitos estudantes não gostam de produzir textos?
ANI SIRO
Não acredito que eles simplesmente não apreciem a tarefa. Na minha opinião, propostas ruins geram o desinteresse pela escrita. Muitas vezes, as crianças não se sentem motivadas devido à solicitação que recebem dos professores. Se há um bom convite, a tarefa tende a se tornar prazerosa e, quando alguém sente que algo representa um desafio, muito provavelmente toma aquilo como um compromisso pessoal. Sei que às vezes temos dificuldades em propor situações e temas suficientemente atraentes e de garantir que todos do grupo sejam mobilizados. Mas temos de seguir afinando a maneira de conceber esse compromisso. Estamos mais concentrados no que queremos ensinar do que em como incitar a moçada a se comprometer no processo.

Qual foi seu foco ao estudar meios para ajudar os alunos a superar as dificuldades de produção de texto?
ANI
A importância de levar o leitor em consideração, valorizando alguns aspectos do discurso que são centrais, como reconhecer o ponto de vista do autor, as vozes presentes no texto e a temporalidade. Além desses, também são fundamentais efeitos textuais de humor e ironia (eles, às vezes, definem se um leitor vai abandonar um livro ou não). Também elegi como válido o fato de a garotada perceber que nem todos os aspectos e as construções literárias são fortes para determinar que uma pessoa se mantenha firme na leitura.

Como surgiu a ideia de propor a reescrita de histórias infantis em primeira pessoa, sob a perspectiva de um dos personagens?
ANI
A grande inspiração foi o livro Que História É Essa?, que conheci no Brasil. A obra traz contos tradicionais contados com base no ponto de vista de um dos personagens. Achei criativa, desafiante, além de alinhada com a minha proposta de concentrar toda a energia conceitual na transformação do ponto de vista e na mudança da voz narrativa. Então, eu e Emilia Ferreiro (psicolinguista argentina reconhecida por suas pesquisas sobre o processo de alfabetização, orientadora do trabalho de Ani e também autora do livro) começamos a conversar com os professores para dar forma ao trabalho e formular as etapas necessárias para colocá-lo em prática.

Sugestão de ATividade: Jogo de cartas do tipo Supertrunfo

Faixa etária
4 e 5 anos

Conteúdo
Matemática

Objetivo
- Ler, comparar e ordenar números de até três algarismos.

Conteúdos
- Leitura numérica.
- Regras do sistema de numeração.

Anos
Pré-escola.

Tempo estimado
Dez aulas.

Material necessário
Jogo Supertrunfo de vários temas, diferentes portadores numéricos, como fita métrica. Canetas coloridas, cartolinas e folhas de sulfite.

Flexibilização
Para alunos com deficiência intelectual
Desde que bem estimuladas, as crianças com deficiência intelectual são plenamente capazes de compreender as regras básicas do sistema de numeração. Antecipe a apresentação do jogo Supertrunfo para esta criança. Com o apoio do responsável pela sala de recursos revise com a criança a sequência numérica e ofereça a ela portadores numéricos de fácil consulta, como a fita métrica, por exemplo. Isso vai ajudá-la a jogar com a turma. Você ou os colegas podem ajudar a criança a escrever os números nas cartas, caso ela ainda não seja capaz de fazer isso sozinha. Quanto mais próximo do cotidiano da criança for o tema do jogo, mais fácil será para ela compreender a lógica. Se animais soar complicado ou distante do dia-a-dia da criança, é possível elaborar o jogo com base nas alturas da turma (excluindo as casas decimais) ou no número dos sapatos de cada um. Amplie o tempo de realização das etapas e repita a atividade para facilitar a aprendizagem.

Desenvolvimento
1ª etapa
Pergunte às crianças se conhecem o jogo Supertrunfo. Em caso afirmativo, sistematize o que foi falado e socialize as informações. Se não, apresente-o e organize alguns dias de jogo.

2ª etapa
Proponha situações-problema para que as crianças reflitam e elaborem critérios de comparação entre dois números apresentados nas cartas do jogo (como força 314 e força 324. Quem ganhou?). Dessa forma, todas terão repertório para construir critérios comuns a fim de comprar números altos.

3ª etapa
Proponha ao grupo criar um jogo do tipo Supertrunfo. Primeiramente, decidam o tema (como animais) e as grandezas (altura e número de filhotes). Questione os pequenos a respeito do intervalo numérico em que se encontram as informações - é interessante para o jogo? Depois, organize a pesquisa das informações.

4ª etapa
Distribua papel e caneta para elaborar a primeira versão das cartas. Lembre à criançada que recorra aos portadores numéricos em caso de dúvida. Durante o preparo, não interfira. Os conflitos e os problemas que surgirem devem ser analisados coletivamente depois.

5ª etapa
Com o jogo pronto, é hora de problematizar a produção. Convide os alunos a jogar. Peça que a turma averigue se o jogo apresenta problemas e quais soluções possíveis. Sistematize as falas e proponha a construção de um novo jogo ou a reformulação do que foi feito.

6ª etapa
Peça que a turma confeccione a versão final das cartas, criando ilustrações para cada uma delas.

Produto final
Jogo tipo Supertrunfo.

Avaliação
Observe se, ao longo da proposta, as crianças avançam nas questões relacionadas à leitura e à comparação numérica, utilizam a tabela numérica e portadores numéricos como fonte de pesquisa. É importante que empreguem alguns critérios para determinar qual número é maior quando fazem a comparação das cartas.

Sugestão de Atividade: Leitura e escrita de contos de aventura

Objetivos 

- Apreciar a leitura de um clássico da literatura.

- Apropriar-se da linguagem típica de contos de aventura.

Conteúdos
- Leitura.
- Produção de texto.

Anos
4º e 5º.

Tempo estimado
15 aulas.

Material necessário
Conto A Quarta Viagem de Simbad, o Marujo, publicado em Os Melhores Contos de Aventura. Cartolinas.

Flexibilização
Para alunos com deficiência visual
Invista na riqueza da descrição dos personagens, para que o aluno cego envolva-se na história. É importante que ele tenha acesso ao conto em braile. Conte com a ajuda do AEE para antecipar algumas etapas do projeto, se julgar necessário. O trabalho em duplas ajuda o aluno com deficiência visual. O colega pode servir como escriba para o aluno cego durante as produções coletivas, mas é importante oferecer tempo extra para que o aluno faça a transcrição dos textos para o braile. As informações contidas no cartaz devem ser repetidas em voz alta para que o aluno faça seus registros no caderno. Para digitar a versão final dos textos, oriente-o a utilizar um teclado adaptado e amplie o tempo de realização desta etapa.

Desenvolvimento
1ª etapa
Apresente à turma o marujo Simbad, personagem célebre da obra As Mil e Uma Noites, uma compilação de histórias milenares do Oriente. Convide as crianças a conhecerem um dos contos em que ele é citado.

2ª etapa
Organize sessões diárias de leitura em voz do conto e peça que os estudantes levantem informações importantes sobre os personagens, o ambiente, a sequência dos episódios, os aspectos linguísticos (como marcadores de tempo, tempos verbais e expressões típicas usadas pelos personagens). Anote-as em um quadro para ficar afixado na sala para consultas futuras.

3ª etapa
Convide a garotada a produzir, em duplas, versões de A Quarta Viagem de Simbad, o Marujo. O material dará origem a um livro de versões e será doado para a biblioteca da escola. Chame a atenção para o efeito causado pelas descrições e expressões usadas no original para tornar a leitura atraente.

4ª etapa
Retome os principais episódios da história e anote-os em outro cartaz.

5ª etapa
É hora de reunir as duplas e produzir versões. Realize uma discussão sobre como planejar o trabalho. Peça que os estudantes escolham quais as mudanças principais a serem feitas. É possível, por exemplo, uma versão moderna, com personagens vivendo nos dias de hoje. O que é preciso alterar, sem deixar de lado as caraterísticas da aventura e a coerência do texto?

6ª etapa
Sugira a consulta às anotações feitas nas etapas anteriores. Faça intervenções sempre que julgar necessário.

7ª etapa
Leia as primeiras versões produzidas e oriente a revisão. As ações dos personagens e as características dos personagens são coerentes? Retome o planejamento feito coletivamente, as anotações produzidas durante a leitura, bem como trechos das versões estudadas para análise. Por fim, os alunos devem digitar a versão final, corrigindo erros ortográficos.

Produto final
Livro de versões do conto A Quarta Viagem de Simbad, o Marujo.

Avaliação
Observe o comportamento leitor e escritor dos estudantes: comentários e apreciação da leitura, anotações, preocupação com a legibilidade do texto e a disponibilidade para realizar as atividades. Em relação às produções, avalie se apresentam a linguagem típica de um conto de aventura.


Fonte: Revista Nova Escola

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O que (não) fazer no Dia do Índio

Na data em homenagem aos primeiros habitantes do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir a sala de aula. Saiba como evitá-los e confira algumas propostas de especialistas de quais conteúdos trabalhar


O Dia do Índio é comemorado em 19 de abril no Brasil para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus direitos, em um encontro marcante.

Por ocasião da data, é comum encontrar nas escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. "O índigena trabalhado em sala de aula hoje é, muitas vezes, aquele indígena de 1500 e parece que ele só se mantém índio se permanecer daquele modo. É preciso mostrar que o índio é contemporâneo e tem os mesmos direitos que muitos de nós, 'brancos'", diz a coordenadora de Educação Indígena no Acre, Maria do Socorro de Oliveira.

Saiba o que fazer e o que não fazer no Dia do Índio:
1. Não use o Dia do Índio para mitificar a figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares ou pintá-las.
Faça uma discussão sobre a cultura indígena usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos indígenas. "Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver na sociedade contemporânea", explica a antropóloga Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental.

2. Não reproduza preconceitos em sala de aula, mostrando o indígena como um ser à parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais selvagens
Mostre aos alunos que os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes.

3. Não represente o índio com uma gravura de livro, ou um tupinambá do século 14
Sempre recorra a exemplos reais e explique qual é a etnia, a língua falada, o local e os costumes. Explique que o Brasil tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Não se prenda a uma etnia. Fale, por exemplo, dos Ashinkas, que têm ligação com o império Inca; dos povos não-contatados e dos Pankararu, que vivem na Zona Sul de São Paulo.

4. Não faça do 19 de abril o único dia do índio na escola
A Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no currículo escolar brasileiro. Por que não incluir no planejamento de História, de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura indígena, ao longo do ano todo? Procure material de referência e elabore aulas que proponham uma discussão sobre cultura indígena ou sobre elementos que a emprestou à nossa vida, seja na língua, na alimentação, na arte ou na medicina.

5. Não tente reproduzir as casas e aldeias de maneira simplificada, com maquetes de ocas
"Oca" é uma palavra tupi, que não se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. Prefira mostrar fotos ou vídeos.

6. Não utilize a figura do índio só para discussões sobre como o homem branco influencia suas vidas
Debata sobre o que podemos aprender com esses povos. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as sociedades indígenas?

Monteiro Lobato, o criador de um mundo fabuloso

No dia de seu aniversário, 18 de abril, comemora-se o Dia Nacional do Livro Infantil. Apenas uma mostra da importância da obra e da criatividade de um dos maiores gênios da literatura brasileira

Nenhum autor é tão representativo da literatura infantil brasileira do século 20 quanto Monteiro Lobato. Seu primeiro livro para crianças, A Menina do Narizinho Arrebitado, foi publicado em 1920 e, desde então, sua fantasia já atravessou décadas e segue para a terceira geração de leitores, em várias re-edições e até adaptações para a televisão, do mundo hiperrealístico do Sítio do Pica-pau Amarelo.

Nesse lugar fantástico acontecem as aventuras de Narizinho e Pedrinho na companhia de Visconde de Sabugosa, um sabugo de milho que era um sábio, Emília, uma boneca de pano falante, Quindim, um rinoceronte domesticado e Rabicó, um porco com título de marquês. Tudo sob a tutela de uma ama negra superprotetora, Tia Nastácia, e de Dona Benta, a avó das crianças. Vislumbrado pela literatura infantil mundial, Lobato fez também Peter Pan, Alice, personagens da mitologia e até o Gato Félix passearem pelo Sítio.

Por meio de linhas inventivas ou críticas, o escritor retratou um Brasil cultural e socialmente atrasado e, ao mesmo tempo, deixou-se também levar pela fantasia do imaginário infantil, no qual criou seu maior legado à literatura brasileira: a possibilidade de criar o impossível.

                                   Biografia
 
Nascido em 18 de abril de 1882, em Taubaté, no Vale do Paraíba (interior de São Paulo), José Renato Monteiro Lobato - que, mais tarde resolveu mudar sou nome para José Bento Monteiro Lobato - já demonstrava gosto pela leitura e pela escrita desde os tempos de escola, escrevendo para jornaizinhos acadêmicos quando adolescente.
Perdeu o pai aos 15 anos e a mãe, aos 16. Seguindo a vontade do avô, concluiu os estudos e cursou Direito na Faculdade do Largo São Francisco, em São Paulo.
Foi nomeado promotor público na cidade de Areias, no interior do estado, mas não exerceu a função por muito tempo. Após a morte do avô, mudou-se para Buquira (hoje Monteiro Lobato), para morar em uma fazenda que herdara.
Ali iniciou sua projeção como grande escritor. Com base em personagens reais, criou o mundo fantástico do Sítio do Pica-Pau Amarelo e fez a denúncia da exclusão social com artigos para o jornal O Estado de S. Paulo. Esses textos, protagonizados pela figura de Jeca Tatu, formariam seu primeiro livro Urupês, em 1918.
Entediado com a vida na fazenda e sem o rendimento esperado, vendeu a propriedade e comprou a Revista do Brasil, abrindo espaço para novos nomes da literatura mostrarem seu trabalho. Com o grande fluxo de trabalhos, o negócio cresceu e virou editora, mas fechou as portas anos mais tarde, em 1925, devido à crise da indústria nacional e clima político instável da época.
Após um breve período nos Estados Unidos a serviço do governo de Washington Luís, voltou para o Brasil e iniciou uma luta em defesa do petróleo e do ferro com forte cunho nacionalista e crítico ao governo de Getúlio Vargas, o que lhe rendeu três meses na cadeia em 1940, além da apreensão e destruição de algumas obras à venda.
Em meio a um clima político pesado e sob a censura, Monteiro Lobato se aproximou dos comunistas liderados por Luís Carlos Prestes. Foi à Argentina lançar alguma de suas obras e voltou ao país em 1947. Faleceu no ano seguinte, aos 66 anos,  vítima de um derrame, deixando como herança mais de 30 livros publicados, uma obra reverenciada até hoje.

Fonte: Revista Nova Escola

Onze dias após ataque em Realengo, alunos começam a retomar rotina

Nos primeiros dias, previsão é de que eles tenham apenas atividades lúdicas.
Aulas deverão ser repostas gradativamente em até três semanas
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Alunos da Escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio, onde 12 crianças morreram baleadas no dia 7 de abril por Wellington Menezes de Oliveira, de 24 anos, retornam ao local a partir das 13h desta segunda-feira (18) para readaptação.
Nos primeiros dias, a previsão é de que eles participem apenas de atividades lúdicas, como arteterapia e pintura e poesia, para aliviar o trauma provocado pelo crime. As aulas deverão ser retomadas gradativamente em até três semanas.
“No início, pensamos em fazer uma cerimônia de reinvenção da escola, mas os psicólogos sugeriram evitar a superexposição das crianças e fazer um trabalho mais individualizado, permitindo o retorno seja por grupo, de uma forma gradativa”, explicou a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, na semana passada.
Na manhã do último sábado (16), cerca de 50 ex-alunos e voluntários se reuniram para pintar de branco o muro da escola. A iniciativa partiu do projeto “Mãos que Ajudam”, da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que conseguiu recursos junto à prefeitura para comprar a tinta, pincel e lanche para os voluntários. A parte interna da escola também será pintada, com cores vivas, por profissionais voluntários do projeto.
O prefeito Eduardo Paes já confirmou que vai indenizar as famílias das 12 crianças mortas. O crime deixou também outras 12 crianças feridas, mas o órgão não decidiu se elas também serão beneficiadas.
“A prefeitura resolveu que vai indenizar as famílias que perderam seus entes queridos. Essas famílias passaram por um sofrimento que é indescritível, que nada compensa, nada resolve. É uma perda irreparável, mas a gente entende que algum tipo de indenização deve ser discutido”, afirmou Paes na sexta-feira (15).
O prefeito explicou que já entrou em contato com o defensor público geral do estado e o procurador geral do município para tratar dos critérios técnicos e calcular o valor da indenização. A data do pagamento também ainda não foi definida.

Fonte: Portal G1

Educação especial - Cresce inclusão de estudantes com deficiência em sala comum



Nos últimos dez anos, o número de alunos com deficiência matriculados em turmas regulares de escolas públicas aumentou 493%. Em 2000, eram 81.695 estudantes; em 2010, 484.332 ingressaram em classes comuns.

Os dados do Censo Escolar são comemorados pela secretária de Educação Especial do Ministério da Educação, Cláudia Dutra. Segundo ela, os dados positivos são resultado de uma política de inclusão que começou a ser discutida com a sociedade e sistemas de ensino em 2003. “Esta é uma conquista que representa um amplo processo de mobilização educacional”, observa.

A secretária explica que, a partir da implementação dessa política, o foco passa a ser a acessibilidade e não a deficiência do estudante. “Antes, acreditava-se que o estudante com deficiência não tinha condições de estudar e que esta falta de condição estaria nele, quando na verdade pouco havia sido feito para eliminar as barreiras de acesso ao aprendizado dessas pessoas”, afirma.

De acordo com a secretária, outro marco para a educação especial ocorreu em 2008, quando foi dobrado o valor investido por aluno com deficiência no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Em 2010, foram investidos R$ 317 milhões em ações que vão desde o incentivo à implementação de salas multifuncionais e obras de acessibilidade até formação de professores para atuar com alunos com deficiência.  

A secretária destaca que, a partir do projeto pedagógico, é importante que o aluno com deficiência frequente a classe comum, e no turno oposto tenha um atendimento na sala de recursos multifuncionais. Para estimular essa política nas redes estaduais e municipais de educação, o MEC financiou a implantação de 24.301 salas de recursos multifuncionais, em 83% dos municípios e 42% das escolas públicas, no período de 2005 a 2010.

As redes locais que queiram instalar as salas multifuncionais podem fazer o pedido no Plano de Ação Articulada (PAR). Já as escolas interessadas em melhorar a acessibilidade devem solicitar os recursos por meio do Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola). Os recursos são repassados direto para a escola.

Outra iniciativa considerada importante é a formação de professores. Em 2010, 68.117 professores receberam formação para atuar em educação especial em cursos financiados pelo MEC.

Fonte: Portal MEC

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mitos da EDUCAÇÃO - Creche é um mal necessário


Por que é um mito Ter um bom desenvolvimento na primeira infância é um dos fatores que mais influenciam o sucesso escolar. Mais do que cuidar da criança e alimentá-la, a creche tem como função proporcionar diferentes experiências de socialização a ela.

Por que derrubá-lo A maior presença da mulher no mercado de trabalho tem ampliado a demanda por creches. Porém a decisão de matricular os pequenos não deve ser feita apenas porque os pais trabalham e não há quem cuide deles. O grande desafio é consolidar essa etapa da Educação Infantil como um momento educativo, que potencialize o desenvolvimento integral e a socialização.

"A creche não deve ser obrigatória, mas é fundamental quando, em casa, não há espaço e materiais adequados para brincar ou a possibilidade de interagir com outras crianças."
Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, coordenadora do Centro de Investigações sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (Cindedi) da Universidade de São Paulo (USP).

Pesquisa dirá como está a situação de graduados no mercado de trabalho

Teve início na sexta-feira, dia 1°, estudo inédito destinado a identificar como os formados na educação superior estão situados no mercado de trabalho. A pesquisa sobre emprego e empregabilidade, sob responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), será feita com os participantes das edições de 2005 e 2008 do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Eles receberão questionário, enviado por mensagem eletrônica, e terão prazo até o dia 29 para informar, entre outras coisas, como o currículo acadêmico ajudou na formação profissional.

O formulário, composto de 16 questões, leva em média cinco minutos para ser respondido. Duas das perguntas, subjetivas, permitirão ao graduado sugerir melhorias no curso em que se formou. O concluinte que não receber a pesquisa poderá respondê-la na página eletrônica do Inep. Ao ter acesso ao sistema, ele deve informar o CPF, a unidade da Federação da instituição de ensino e o curso. As informações serão validadas nas bases de dados da Receita Federal e do Inep. A pesquisa não divulgará respostas individuais.

A iniciativa integra o estudo qualitativo do segundo ciclo de aferição do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) de 2005 e 2008. O estudo é composto por variáveis que permitem medir pontualmente a evolução dos cursos — as médias do Enade, do conceito preliminar de curso (CPC), os relatórios de autoavaliação realizados pelas instituições e, a partir deste ano, o perfil dos egressos.

Os resultados devem ser divulgados no segundo semestre. As informações do primeiro ciclo de avaliação, referente a 2004 e 2007, estarão disponíveis em breve na página eletrônica do Inep.

Em 2005 e 2008, o Enade avaliou os cursos de arquitetura e urbanismo, biologia, ciências sociais, computação, engenharia (oito grupos), filosofia, física, geografia, história, letras, matemática, pedagogia e química. No último ano, foram acrescentados os cursos superiores de tecnologia em construção de edifícios, alimentos, automação industrial, gestão da produção industrial, manutenção industrial, processos químicos, fabricação mecânica, análise e desenvolvimento de sistemas, redes de computadores e saneamento ambiental. Essas áreas serão avaliadas novamente este ano.

Poema célebre de João Cabral tem versão em desenho animado

 A saga do retirante Severino agora pode ser vista na TV nos traços do cartunista Michel Falcão. (Foto: Fabiana Carvalho)O mais célebre poema de João Cabral de Melo Neto, Morte e Vida Severina, ganhou versão em desenho animado. A saga do retirante Severino, “aquele da Maria do Zacarias, lá da serra do Costela, limites da Paraíba”, foi ilustrada pelo cartunista pernambucano Michel Falcão. A animação, também transformada em quadrinhos, entra na grade de programação da TV Escola nesta segunda-feira, 4.

“Estamos falando de uma das maiores representações da literatura brasileira”, destacou Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação. “Essa é uma possibilidade de estudantes de todo o país conhecerem, de forma lúdica, uma obra dessa importância.”

Em pouco menos de 55 minutos, a animação dá vida ao texto original – sem nenhuma alteração – de João Cabral de Melo Neto, em desenhos feitos a bico de pena. Com o uso de tecnologia 3D (três dimensões), a animação é resultado de uma parceria com a Fundação Joaquim Nabuco.

Escrito entre 1954 e 55, o poema, considerado um marco na literatura nacional, narra a trajetória de um migrante nordestino até a cidade de Recife, ainda hoje a mais próspera da região. Com fortes elementos de crítica social, o texto já foi tema de teatro, música, filme, seriado de TV e, mais recentemente, de história em quadrinhos, também ilustrada por Michel Falcão.

O poema de João Cabral ganhou versão integral também em quadrinhos. (Foto: Fabiana Carvalho)O próprio João Cabral de Melo Neto disse, em entrevista citada no prólogo da versão em quadrinhos, que do poema “Já se tinha feito de tudo; não seria, por conseguinte, de estranhar que qualquer dia alguém inaugurasse um edifício chamado Morte e Vida Severina, pois o poema é como uma espécie de babaçu que tem mil e uma utilidades.”

A TV Escola pode ser assistida no canal 112 da SKY, 694 da Telefônica TV Digital, 123 da Via Embratel, pela antena parabólica analógica, na horizontal, frequência 3770 e digital banda C Vertical, frequência 3965 e também pela página eletrônica da emissora. A animação de Morte e Vida Severina também pode ser assistida pela internet, na página eletrônica da TV Escola.
 
Fonte: Portal do MEC