quinta-feira, 30 de junho de 2011

Professores do Município de Fortaleza continuam sofrendo retaliação por parte da Prefeitura

A parcela do 13º salário dos professores municipais, que realizaram greve por 58 dias em Fortaleza, pode ser liberada ainda esta semana. Conforme promessa feita ontem pelo titular da Secretaria de Administração (SAM), Vaumik Ribeiro, o dinheiro estará disponível, amanhã, dia 1º de junho, para os grevistas que voltaram às salas de aula no último dia 20.

Para os que só retornaram na semana passada, dia 28, a verba cairá na conta somente no dia 8. “Os professores que não cumprirem o calendário, será descontado no salário”, afirma Ribeiro.

Além desta decisão, a gestão municipal fez questão de reforçar que não fará concessões quanto ao prazo final para o término do ano letivo de 2011. Em coletiva, ontem à tarde, a secretária da Educação de Fortaleza, Ana Maria Fontenele, voltou a afirmar que as aulas terão que obrigatoriamente terminar no dia 29 de março de 2012.

“Temos que garantir o direito dos alunos de terem uma carga horária de 200 dias letivos de aula. Professores terão que repor sim, inclusive nos primeiros 15 dias de férias”, frisa.

Sobre a insatisfação dos docentes com o fato de terem que lecionar no mês de julho e por trabalhar três sábados mensais, ela comentou que quem faz greve deve saber as obrigações pertinentes. “Já fiz greve e não me incomodei em repor”, diz. Ana Maria diz que caberá agora aos diretores verem a melhor maneira de ajustar o calendário.

A secretária geral do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação (Sindiute), Ana Cristina Guilherme, diz que a categoria não vai “baixar a cabeça e se amedrontar com as ameaças e retaliações da gestão”.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, mostrou-se disposto a cooperar com a Prefeitura para complementar recursos destinados ao cumprimento integral da Lei do Piso. A afirmação é do deputado federal Chico Lopes que participou de audiência ontem com o ministro.

Ivna Girão Repórter

Fonte: Jornal Diário do Nordeste

Vygotsky e o conceito de zona de desenvolvimento proximal

Para Vygotsky, o segredo é tirar vantagem das diferenças e apostar no potencial de cada aluno


Nascido na Bielorrússia, Vygotsky viveu seus anos mais produtivos sob a ditadura de Stalin, na antiga União Soviética. Teve seus livros proibidos e morreu cedo, aos 37 anos. Foto: Reprodução
Censura e vida breve Nascido na
Bielorrússia, Vygotsky viveu seus
anos mais produtivos sob a ditadura
de Stalin, na antiga União Soviética.
Teve seus livros proibidos e
morreu cedo, aos 37 anos

 Todo professor pode escolher: olhar para trás, avaliando as deficiências do aluno e o que já foi aprendido por ele, ou olhar para a frente, tentando estimar seu potencial. Qual das opções é a melhor? Para a pesquisadora Cláudia Davis, professora de psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sem a segunda fica difícil colocar o estudante no caminho do melhor aprendizado possível. "Esse conceito é promissor porque sinaliza novas estratégias em sala de aula", diz Cláudia. O que interessa, na opinião da especialista, não é avaliar as dificuldades das crianças, mas suas diferenças. "Elas são ricas, muito mais importantes para o aprendizado do que as semelhanças."

Não há um estudante igual a outro. As habilidades individuais são distintas, o que significa também que cada criança avança em seu próprio ritmo. À primeira vista, ter como missão lidar com tantas individualidades pode parecer um pesadelo. Mas a pesquisadora garante: o que realmente existe aí, ao alcance de qualquer professor, é uma excelente oportunidade de promover a troca de experiências.

Essa ode à interação e à valorização das diferenças é antiga. Nas primeiras décadas do século 20, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) já defendia o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com aquelas que ainda precisam de apoio para dar seus primeiros passos. Autor de mais de 200 trabalhos sobre Psicologia, Educação e Ciências Sociais, ele propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento infantil. O primeiro é chamado de real e engloba as funções mentais que já estão completamente desenvolvidas (resultado de habilidades e conhecimentos adquiridos pela criança). Geralmente, esse nível é estimado pelo que uma criança realiza sozinha. Essa avaliação, entretanto, não leva em conta o que ela conseguiria fazer ou alcançar com a ajuda de um colega ou do próprio professor. É justamente aí - na distância entre o que já se sabe e o que se pode saber com alguma assistência - que reside o segundo nível de desenvolvimento apregoado por Vygotsky e batizado por ele de proximal (leia um resumo do conceito na última página).

Nas palavras do próprio psicólogo, "a zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã". Ou seja: aquilo que nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela certamente conseguirá fazer sozinha (leia um trecho de livro na terceira página). Depois que Vygotsky elaborou o conceito, há mais de 80 anos, a integração de crianças em diferentes níveis de desenvolvimento passou a ser encarada como um fator determinante no processo de aprendizado. 

Fonte: Revista Nova Escola

Oferta de bolsa-formação pode ter recursos de até R$ 2 bilhões, diz Haddad

O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta quarta-feira, 29, em Brasília, que até R$ 2 bilhões podem ser destinados à oferta de bolsas-formação para estudantes do ensino profissionalizante. Em audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o ministro discutiu a importância do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

As bolsas destinam-se a cobrir os custos referentes ao curso e aos valores necessários para transporte e alimentação dos estudantes. No caso dos alunos que frequentam cursos em instituições de ensino estaduais, municipais ou do Sistema S (Senai, Senac, Sesi, Sesc e outros), a União pode transferir diretamente as bolsas às escolas, sem necessidade de convênio ou contrato.

Garantir ao jovem o ensino médio integral é um dos objetivos do programa. O Projeto de Lei nº 1.209/11, que tramita em regime de urgência no Congresso Nacional, autoriza o Ministério da Educação a lançar edital de oferta das bolsas às secretarias estaduais de educação. Com elas, o estudante de escolas públicas poderá, no turno oposto aos das aulas regulares, frequentar cursos profissionalizantes.

Expansão — O ministro destacou que a lei do Pronatec, quando aprovada, transformará políticas de governo na área de educação profissionalizante em políticas de Estado. O programa contempla, entre outras ações, a expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, a reestruturação das redes estaduais de ensino profissionalizante, a bolsa-formação e a extensão do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) ao ensino técnico. Com o Pronatec, o governo pretende ampliar o alcance da rede federal, que hoje reúne 354 unidades de ensino. Até 2014, devem ser inauguradas mais 200.

Segundo Haddad, os empregos gerados pela economia moderna requerem formação e conhecimentos específicos. “Uma unidade federal tem grande impacto em uma cidade ou região; atrai emprego e gera esperança na juventude”, destacou. “A expansão da rede federal é a maior demanda do Ministério da Educação.”

Crédito — Para combater a baixa demanda pelo financiamento estudantil, o Pronatec estenderá o alcance do Fies ao ensino técnico. A linha de crédito passará a ser acessível também a empresas. Os recursos, porém, chegarão diretamente às escolas — a empresa tomará o financiamento e providenciará a matricula dos funcionários selecionados para os cursos. A escola receberá o crédito tributário e oferecerá a formação do trabalhador.

O projeto de lei sugere mudanças na legislação vigente. Uma delas é reduzir os encargos trabalhistas dos investimentos na formação de trabalhadores. Outra, a autorização à União para condicionar a concessão do seguro-desemprego à matrícula do trabalhador em curso profissionalizante.

Diego Rocha

Fonte: Portal do MEC

quinta-feira, 9 de junho de 2011

PROFESSORES DE FORTALEZA MANTÊM A GREVE

Vereador requer a nulidade das sessões

Professores em Assembleia, ontem pela manhã, na Câmara Municipal de Fortaleza, de forma pacífica decidiram continuar com o movimento paredista e iniciar outras lutas
FOTO: ALEX COSTA
Além do requerimento à própria Câmara, ainda há ameaças de alguns vereadores de recursos ao Poder Judiciário
Os professores da rede pública municipal, em greve, voltaram ontem à Câmara Municipal e fizeram uma plenária em que decidiram continuar com o movimento paredista. Por seu turno, o líder da oposição, vereador Plácido Filho (PDT), deu ciência ao plenário da Câmara de um requerimento solicitando a anulação das sessões ordinária e extraordinárias realizadas na última terça-feira, no meio da tarde, quando foi votado um substitutivo ao projeto da prefeita sobre o aumento dos professores.

Em sua justificativa, o vereador informa que a emenda substitutiva apresentada pela Presidência da Casa padece de vício de inconstitucionalidade, pois viola o parágrafo 2º do artigo 46 da Lei Orgânica do Município, que diz não ser admitido aumento de despesas em projetos de iniciativa exclusiva do gestor Municipal. Outros vereadores, dentre eles João Alfredo (PSOL), prometem recorrer ao Judiciário sob a alegação de que a Câmara violou o seu Regimento Interno, para fazer as sessões da tarde da última terça-feira, após o confronto entre guardas municipais e professores.

Assembleia
Além de continuar a greve, aguardando uma decisão do Tribunal de Justiça, onde corre uma ação motiva pelo Ministério Público, os professores pretendem iniciar uma campanha pela prestação de contas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), o que já está sendo chamado de "CPI do Fundeb".

Na próxima terça-feira está sendo marcada uma nova assembleia geral dos servidores da Educação, em espaços da Câmara Municipal, uma vez que os educadores disseram querer mostrar aos vereadores que o movimento deles não vai parar, mesmo a matéria tendo sido considerada aprovada. "Para quem achava que a gente iria sair daqui essa é a nossa resposta: daqui eu não saio e daqui ninguém me tira", brincou a Gardênia Baima.