quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Escolas se preparam para impantação dos tablets e gera muita polêmica.

"Tablets não vão substituir livros. Pelo menos, não agora..."

As novas tecnologias podem se transformar em aliados na sala de aula, avalia o sociólogo André Haguette. Convidado do programa O POVO Quer Saber, ele comentou a polêmica sobre a substituição de livros por tablets.

André Haguette acredita que vai levar muito tempo para que livros sejam transferidos para tablets  (FOTO: MAURI MELO)
 
Os tablets não vão substituir os livros. Pelo menos, não agora. Essa é a aposta feita pelo sociólogo André Haguette durante o programa O POVO Quer Saber. Ele acredita que vai levar muito tempo para que os livros sejam transferidos para esse tipo de plataforma virtual.

“O surgimento de uma nova tecnologia não significa que a outra vai desaparecer. Pode ter uma produção menor, mas não vai ser algo imediato. Isso leva tempo”, destaca. A quinta edição do programa ocorreu ontem de manhã, com transmissão simultânea pela TV O POVO, Rádio O POVO/CBN e portal O POVO Online.

A discussão girou em torno da educação e novas tecnologias. Para o sociólogo, o livro também deve ser encarado como um tipo de tecnologia. A diferença é que o livro gera uma leitura quente, enquanto os e-books são mais frios. “O gosto pela leitura é diferente no livro porque você pode folhear, cheirar. Mas é possível que a próxima geração não tenha esse prazer”, prevê.

O beneficio seria a possibilidade de se comunicar com outras pessoas e instituições escolares à distância. O grande problema é saber se as escolas estão realmente preparadas para a entrada dessa nova tecnologia. “Talvez seja modismo achar que a nova tecnologia pode resolver tudo, mas não é modismo uso de tablets, computadores e e-books em sala de aula”, aponta.

Para isso, os professores precisar estar preparados para a entrada dessa tecnologia no processo pedagógico. “Preparar uma aula eletrônica não é fácil. Os professores podem até saber usar, mas o desafio é ensinar”. Na educação básica, a criança precisa de imagens e símbolos porque fantasia. “Isso, talvez, o mundo eletrônico não ofereça ainda”.

O atrativo do uso do computador é a passagem do conhecimento de forma mais participativa, compartilhando informações. Para isso, a escola terá que se adaptar fisicamente e pedagogicamente também. “A escola tem que se preparar para uma nova forma de ensinar. Isso vai levar tempo”, prevê.

O sociólogo acredita que algumas escolas ainda podem resistir a essas mudanças, mas serão uma minoria. Hoje, o que costuma ocorrer é o uso limitado dessas ferramentas – quando os alunos acabam se mostrando mais avançados tecnologicamente do que o próprio professor.

Outra crítica é para a falta de unidade na proposta pedagógica diante dos avanços tecnológicos. “Se ficarmos correndo atrás de cada novidade tecnológica que aparece no mercado, não vamos chegar a lugar nenhum”.

Por fim, Andre Haguette aconselha que o professor trabalhe com o que sabe, mas que procure se despertar para novas tecnologias para poder crescer. “É preciso ensinar a partir do que se sabe”.

O quê
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As novas tecnologias devem ser encaradas como processo gradual nas escolas. Para o sociólogo André Haguette, a educação pode ser beneficiada, contanto que escola e professores estejam preparados para as mudanças.
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Mesmo com a explosão de vendas de tablets no Brasil, a produção de livros continua em ascensão. Segundo o sociólogo André Haguette, a transferência do livro para o e-book gera um custo adicional e que leva tempo.

Os tablets também não estão nem perto de substituir os computadores convencionais. Este ano, a previsão é que sejam vendidos 800 mil tablets e quatro milhões de computadores tradicionais.

O sociólogo criticou a falta de resolutividade sobre o longo período da greve dos professores estaduais. “Sem educação não há desenvolvimento”.

Há um desinteresse no País quanto à procura por formação pedagógica. Os baixos salários e a falta de incentivo são apontados como principais causas para as vagas ociosas. “Professor deveria ganhar mais”.

Para o sociólogo, o resultado gerado pela municipalização do ensino não foi como o esperado. “Tínhamos muita esperança que a municipalização fosse trazer benefícios, mas os resultados foram pífios”.

Ele destacou o programa de Alfabetização na Idade certa (Paic) como uma grande iniciativa, mas alertou para a descontinuidade nos êxitos educacionais em alguns municípios por questões políticas. “Às vezes, ocorre uma descontinuidade no processo porque o novo prefeito não dá tanta importância à educação como o da gestão anterior”.
EntrevistadoresErick Guimarães. Diretor-adjunto de Redação
Sara Rebeca Aguiar. Repórter do Núcleo de Cotidiano do O POVO
Regina Ribeiro. Editora das Edições Demócrito Rocha
Michel Victor. Editor de conteúdo digital do portal O POVO Online

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